Epistemologia: a relevância do realismo e do empirismo

Epistemología: la relevancia del realismo y el empirismo

Epistemology: the relevance of realism and empiricism

Epistemología: pe relevancia oguerekóva realismo ha empirismo rehegua

 

Eline Valeria Oliveira Gomes y Ana Paula Nascimento De Sousa Teixeira

Universidad Tecnológica Intercontinental

 

Nota del autor

 Mestranda em Ciências da Educação Universidade Tecnológica Intercontinental -UTIC.

 E-mail: [email protected]

 

Resumo

A grande saber, a Epistemologia é a “teoria do conhecimento”. Portanto, contribui diretamente com a edificação do conhecimento. É extremamente importante entender o que é Epistemologia, antes mesmo de buscar qualquer tipo de conhecimento. Saber ainda, sobre a relevância da Filosofia, como área do saber também é importante, pois ela nos direciona para vários campos do conhecimento e sua edificação. Como uma vertente da Epistemologia, as correntes filosóficas servem de base para a construção dos conhecimentos, que vem se aprimorando e evoluindo ao longo da História. Dentre elas pode-se destacar o Realismo e o Empirismo. O Objetivo desse artigo é entender a relevância das citadas correntes para a construção do conhecimento. Para a elaboração deste, utilizou-se como marco metodológico a pesquisa bibliográfica qualitativa de maneira descritiva. No que se refere à coleta de informações foi implementada a partir de analises de conceitos e ideias de emblemáticos teóricos como Tesser (1995), Chauí (2000), Almeida (2018), Gomez (2012), Briones (2002), Chibeni (1997), que sistematizam a Epistemologia e as correntes filosófica como bases da construção do conhecimento e que destaca, portanto, suas respectivas influências.

Palavras-chave: epistemologia, filosofia, realismo, empirismo, conhecimento


Resumen

El gran saber, la Epistemología es la “teoría del saber”. Por lo tanto, contribuye directamente a la construcción del conocimiento. Es sumamente importante comprender qué es la Epistemología, incluso antes de buscar cualquier tipo de conocimiento. También es importante conocer la relevancia de la Filosofía como área de conocimiento, ya que nos encamina a diversos campos del saber y su construcción. Como rama de la Epistemología, las corrientes filosóficas sirven de base para la construcción del conocimiento, el cual ha ido mejorando y evolucionando a lo largo de la Historia. Entre ellos se pueden destacar el Realismo y el Empirismo. El objetivo de este artículo es comprender la relevancia de las corrientes mencionadas para la construcción del conocimiento. Para la elaboración de este se utilizó como marco metodológico una investigación bibliográfica cualitativa de forma descriptiva. En cuanto a la recolección de información, se implementó a partir del análisis de conceptos e ideas de teóricos emblemáticos como Tesser (1995), Chauí (2000), Almeida (2018), Gómez (2012), Briones (2002), Chibeni (1997), que sistematiza la Epistemología y las corrientes filosóficas como bases para la construcción del conocimiento y que, por tanto, destaca sus respectivas influencias.

Palabras clave: epistemología, filosofía, realismo, empirismo, conocimiento

Abstract

The great knowledge, Epistemology is the “theory of knowledge”. Therefore, it directly contributes to building knowledge. Therefore, it is extremely important to understand what Epistemology is, even before seeking any kind of knowledge. Knowing about the relevance of Philosophy as an area of ​​knowledge is also important, as it directs us to various fields of knowledge and their edification. As for the methodology, a qualitative approach and technical bibliographic procedure were used. As a branch of Epistemology, philosophical currents serve as a basis for the construction of knowledge, which has been improving and evolving throughout History. Among them, Realism and Empiricism can be highlighted. The objective of this article is to understand the relevance of the aforementioned currents for the construction of knowledge. For the elaboration of this, a qualitative bibliographical research was used as a methodological framework in a descriptive way. With regard to the collection of information, it was implemented based on the analysis of concepts and ideas of emblematic theorists such as Tesser (1995), Chauí (2000), Almeida (2018), Gomez (2012), Briones (2002), Chibeni (1997 ), which systematize Epistemology and philosophical currents as bases for the construction of knowledge and which, therefore, highlights their respective influences.

Keywords: epistemology, philosophy, realism, empiricism, knowledge

Ñemombykypyre

Pe mba'ekuaa tuichavéva, Epistemología ha'e "teoría de conocimiento". Upévare, oipytyvõ directamente mba’ekuaa ñemopu’ãme. Tuichaiterei mba’e ñantende mba’épa pe Epistemología, jaheka mboyve jepe oimeraẽichagua mba’ekuaa. Avei tuicha mba’e jaikuaa mba’éichapa oñemomba’e Filosofía peteĩ mba’ekuaarã ramo, ñandegueraha rupi opaichagua mba’ekuaarã ha iñemopu’ãme. Epistemología vore ramo, umi corriente filosófica oservi base ramo mba’ekuaa ñemopu’ãrã, oñemyatyrõ ha oñemoambuéva tembiasakue pukukue javeve. Umíva apytépe ikatu ñamomba’eguasu Realismo ha Empirismo. Ko artículo hembipotápe oî oikuaa haguã mba’éichapa oî relevancia umi corriente oñeñe’êva’ekue mba’ekuaa ñemopu’ãrã. Oñeelabora haguã ko mba’e, ojeporu investigación bibliográfica cualitativa de manera descriptiva marco metodológico ramo. Marandu ñembyaty rehegua, oñemboguata ojehechávo umi teórico emblemático temiandu ha temiandu ha eháicha Tesser (1995), Chauí (2000), Almeida (2018), Gómez (2012), Briones (2002), Chibeni (1997 ), osistematizava Epistemología ha corriente filosófica base ramo mba’ekuaa ñemopu’ã ha, upévare, omomba’eguasúva influencia orekóva.

Mba’e mba’erehepa oñeñe’ẽ: epistemología, filosofía, realismo, empirismo, mba’ekuaa

 

Fecha de recepción: 24/01/2023

Fecha de aprobación: 24/03/2023

 

Epistemologia: a relevância do realismo e do empirismo

Esta temática, desperta interesse a partir da relevância em que se observa a Epistemologia, pois a mesma se torna, fundamental para o processo de construção do conhecimento, e, portanto, da evolução humana como ser social. Sendo que, a Filosofia vem aguçando há muito tempo ao homem a pensar, nos traz as correntes filosóficas, especialmente falando de Realismo e Empirismo, com as vertentes da realidade (propriamente dita) e da experiência em si, os quais nos auxiliam, mais ainda, para com o processo de evolução do homem social, detentor do conhecimento.

A partir de então, surge a problemática: Qual a relevância do Realismo e do Empirismo, como correntes filosóficas da Epstemologia, para a construção do conhecimento? Para chegar em um denominador, este artigo tem como objetivo investigar de que maneira a Epistemologia colabora para a construção do conhecimento. E ainda foi estabelecido como objetivos específicos: analisar o valor da Filosofia como contribuinte para a construção do saber; e analisar a relevância do Realismo, assim como do Empirismo, como correntes filosóficas, para a edificação do conhecimento humano.

Para a melhor compreensão desta temática, algumas apreciações foram abordadas como as de Popper e Tesser (1995), Chauí (2000), Almeida (2018 Chibeni (1997), dentre outros. Segundo Chibeni (1997), o Realismo e o Empirismo possuem uma relação direta e ao mesmo tempo antagônica, pois os mesmos se complementam, ao passo que são fundamentais para o desenvolvimento do conhecimento. Porém, o autor destaca que, diante das perspectivas do realismo, o conhecimento independe da experiencia, já o empirismo alude que a experiência é obrigatória para a obtenção do saber. Logo, uma complementa a outra, diante das premissas da construção do conhecimento.

Destaca-se que, este artigo possui como metodologia a abordagem qualitativa e o procedimento técnico bibliográfico. O mesmo se classifica como natureza básica; com objetivos descritivos e utilizando o tratamento de dados subjetivos pela análise de conteúdo.

A escolha desta temática, se justifica pelo intuito de compreender o contexto teórico que norteia a Epstemologia, a partir das premissas e relevâncias das influências do Realismo e do Empirismo no que se refere ao processo de construção do conhecimento do homem para que, então, possa colaborar com o processo de produção acadêmica e construção do saber.

 

Conceituação e relevância da epistemologia

Embasado nas conceituações do teórico Karl Popper, Tesser (1995) diz que, a Epistemologia reconstrói de maneira sistemática o conhecimento científico, sendo que este conhecimento jamais será definitivo, será sempre provisório, pois o conhecimento está sempre em edificação nos mais distintos campos do saber.

Tesser (1995), baseado em Mario Bunge, sustenta também a ideia de que a epstemologia na sua utilidade, se ocupa de problemáticas filosóficas demonstradas nas investigações científicas ou nos reflexos dos problemas, métodos e teorias da ciência. Propondo soluções objetivas e sistemáticas para tais problemáticas, sendo capaz inclusive de criticar programas e resultados errados. E, portanto, conseguir novas hipóteses de resolução do referido problema.

Spohr (2008), embasada em Cotrim (2002), afirma que a ciência possui como objetivo primordial propiciar ao ser humano maneiras com as quais ele possa compreender a natureza e tudo que nela consiste, para que assim, o mundo se torne algo compreensível. A autora destaca, porém, que nem todos os filósofos concordam com esta concepção, pois muitos afirmam que não existe processo natural ou pacífico quanto ao estudo da natureza. Haja vista que este desenvolvimento do conhecimento se dá, na maioria das vezes, através da relação de poder, aonde a insaciável sede de conhecimento, incutida ao homem, passa a transformar não somente o homem em si, mas toda uma conjuntura social, que inclui também os valores humanos. Assim sendo, autora levanta o questionamento da relevância da epstemologia quanto ao questionamento a cerca dessa ambiguidade da ciência referentes às possibilidades, anseios, fatores negativos e positivos da mesma. Logo,

A ciência caracteriza-se por atingir conhecimentos precisos, lógicos e abrangentes. Estudando a história da ciência, temos noção das inúmeras teorias científicas que por algum tempo tornaram-se válidas e num dado momento foram refutadas, substituídas, ou até mesmo modificadas por outras teorias. Portanto, a história nos conta que os conhecimentos científicos são questionáveis, ou seja, não são eternos e infalíveis. Apesar disso, a ciência cumpre seu papel de fornecer explicações confiáveis e com boa fundamentação para inúmeros fenômenos. (Spohr, 2008.p. 43).

Destarte, a ciência como premissa epistemológica, encontra-se em constante processo de evolução, de acordo com as premissas e perspectivas humanas, contextos, temporais, sociais, culturais.

 Segundo Serva, Dias e Alperstedt (2010), O desenvolvimento das organizações em sua teoria ortodoxa se deu, principalmente, através de metáforas embutidas no paradigma funcionalista e suas conjecturas, os quais tiveram suas teorias fundamentadas, porém pouco questionadas, pelo menos até os anos de 1980. O autor afirma ainda que, no que tange ao paradigma funcionalista, as abordagens realizadas por seus respectivos teóricos estão relacionadas ao seu objeto, diante de uma perspectiva baseada em hipóteses nunca debatidos, sendo que, quando essas hipóteses são constantemente reforçadas por outros teóricos, passam a ser assumidas como singular e irrefutável, perspectiva ortodoxa.

Serva, Dias e Alperstedt (2010), afirmam ainda que, Thomas Kuhn (1987), nos remete ao conceito de que o paradigma é primordial entre as discussões teóricas dos principais teóricos que debatem sobre tal questão, já que afirma que uma determinada sociedade cientifica, com tudo seu aparato de investigação cientifica, precisa destes paradigmas para seu desenvolvimento e pesquisa. Logo, quem compartilha das mesmas perspectivas epistemológicas, referente a tais teóricos, acabaram submetidos a um processo de “unificação” de educação e iniciação profissional, pois introduzem, teoricamente falando, as mesmas literaturas e conclusões cientificas. Assim sendo, os autores destacam a enorme relevância das perspectivas teóricas de Kuhn (1987), pois a mesma ressalta a importância de levar em consideração novas teorias, ideias e premissas cientificas, quando questiona o enfoque tradicional, pois demonstra que a constante evolução e desenvolvimento da ciência se faz necessária para o crescimento, não somente da comunidade cientifica, mas de toda a sociedade de uma maneira geral, pois avanços sociais estão diretamente ligados e atrelados ao desenvolvimento cientifico.

Diante de tais premissas, destaca-se a importância da conceituação de paradigmas como essenciais para a explicação da disparidade entre o paradigma funcionalista e do próprio paradigma da complexidade. Pois,

Complexidade, paradigma da complexidade, teoria da complexidade, paradigma emergente, ciência nova ou nova aliança são termos que vêm sendo lidos, ouvidos, defendidos, criticados e reconhecidos por muitos pesquisadores, e, em alguns casos, com carência de fundamentação de seus princípios e pressupostos. Na interação com pesquisadores experientes e conhecedores do tema e também com iniciantes que já se lançam à pesquisa fazendo uso dessa teoria, foi possível concluir dois aspectos: a) ao falar desse paradigma, surgem dúvidas, confusões e até certa inibição, pelo risco da sua aplicação inconsistente; e b) a noção incipiente das possibilidades do seu uso em pesquisa social não tem sido freio para a geração de grupos de pesquisas, cujos projetos têm a perspectiva de se utilizarem do seu sistema de ideias, seja enquanto teoria, paradigma ou simples atitude (Serva, Dias e Alperstedt, 2010. P.2).

Logo, vale ressaltar a extrema importância da reflexão sobre possíveis relações entre a epstemologia tradicionalista e a epstemologia de complexidade para a melhor compreensão quanto a conceituação epistemológica, relacionadas a construção do saber.

A relevância da filosofia para o campo do saber

A filosofia possui extrema relevância para a construção do conhecimento. Segundo Souza (2010), é extremamente importante levar em consideração o contexto histórico que dá origem ao pragmatismo, pois existe uma contextualização histórica, social, étnica, cultural que admitiu o nascimento da escola filosófica. O autor afirma ainda que se deve destacar a origem do pragmatismo no final do século XIX nos Estado Unidos, no contexto de pós-guerra civil americana, onde se verificou o desenvolvimento e a consolidação do processo de industrialização e do próprio capitalismo industrial.

Para Souza (2010), entender melhor esse contexto histórico da epstemologia é relevante perceber a relação entre Inglaterra e os Estados Unidos da América, no que tange ao fato de que as Treze Colonias da América do Norte seriam consideradas a “Nova Inglaterra”. Destacando ainda que a Inglaterra seria o berço do empirismo com teóricos como Francis Bacon, John Locke e Thomas Hobbes, e que, quando os ingleses, embasados no empirismo, passaram a ocupar as Treze Colônias, levaram as ideias filosóficos, com a nova conjectura vivenciadas por eles, sendo elas, socia, cultural, religioso, dentre outros, considerando, portanto, um “empirismo reformado”. Haja vista que, se considerando o pragmatismo, esse novo empirismo é a extensão de um processo colonizador em que os Estados Unidos da América sofreram, pois

Considerando a relação existente entre empirismo inglês e pragmatismo norteamericano, podemos encontrar, de certo modo, as origens epistemológicas da filosofia de Peirce, James e de Dewey. Apesar disso, não devemos incorrer na tentação de uma análise muito simples da realidade. Embora Bacon seja considerado o “profeta” de uma concepção pragmática de conhecimento, os pragmatistas endereçam ao filósofo inglês inúmeras críticas (SOUZA, 2010. p. 2).

Diante de tais perspectivas, se faz necessário entender, minimamente, as concepções básicas da Filosofia. Segundo a filósofa Chauí (2000) sobre as premissas e importância da Filosofia para a construção do conhecimento cientifico, destaca que:

Platão definia a Filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos. Descartes dizia que a Filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas e das artes. Kant afirmou que a Filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade humana. Marx declarou que a Filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, transformação que traria justiça, abundância e felicidade para todos. Merleau-Ponty escreveu que a Filosofia é um despertar para ver e mudar nosso mundo. Espinosa afirmou que a Filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade (Chauí, 2009, p. 19).

Portanto, pode-se observar que a edificação da Filosofia e suas respectivas correntes asseguram um emaranhado de contribuições para a construção do conhecimento.

Destarte, a epistemologia vem contribuir para que a conjuntura de teoria e prática possa ser sistematizada e otimizada para que o docente possa utilizar-se da ciência e da reflexão para a resolução dos problemas em questão (na sala de aula).

Segundo Almeida (2018), a gênese da termologia da palavra “Filosofia” foi atribuída à Pitágoras, o qual era “amante da sabedoria”, pois segundo ele, mesmo que afirmasse que não sabia de tudo, sempre buscava o máximo de conhecimento que fosse possível. Nesse sentido,

A Filosofia se situa em um patamar mais além, não que seja ela superior aos outros tipos de conhecimento, porém, possui, em suas especificidades, atribuições e diferenciações que a torna conhecimento do conhecimento, a busca constante pelo questionar e pela sabedoria. [...]Percebemos que a Filosofia se constitui sim um caminho árduo e difícil, porém, os resultados obtidos nessa caminhada são extremamente proveitosos e necessários para o homem. A Filosofia tem em si a capacidade de fomentar e aprimorar o trabalho do pensar, do refletir, do raciocinar e, desse modo, desenvolve nos sujeitos o senso crítico tão necessário para se viver em sociedade. (ALMEIDA, 2018, p. 19).

Deste modo, observa-se a importância da Filosofia como o “conhecimento” do “conhecimento”, pois instiga ao homem ao questionamento, ao pensar, ao tentar buscar respostas para algo, mesmo que de maneira não científica.

O realismo e o empirismo como bases filosóficas para a construção do conhecimento científico

No que tange à Filosofia, identifica-se algumas correntes filosóficas que vão abarcar e otimizar a Epistemologia. Dentre elas, destaca-se aqui, o Realismo e o Empirismo. Essas 2 correntes dão origem ao conhecimento e são essenciais para a edificação do conhecimento epistemológico.

Segundo Gomez (2012), o Realismo surge na França a partir das premissas de René Descartes no século XVIII com a intenção de sistematizar o conhecimento a partir da razão. Dentro do Realismo, Gomez (2012), destaca características fundamentais para esta corrente como: O sentido Histórico e Psicológico, o qual é um realismo ingênuo, pois não é influenciado por nenhuma reflexão crítica acerca do conhecimento, aonde as coisas são exatamente iguais, elas são percebidas , por isso possuem qualidades Objetivas; o Realismo Natural, o qual já não é ingênuo, pois, está influenciado por reflexões críticas à respeito do problema do conhecimento, sendo que o conteúdo não é identificado pela percepção do objeto, de outra forma que discrimina um do outro. E o Realismo Crítico que se utiliza da crítica do conhecimento, embasando-se na probabilidade (hipótese), ressaltando que ele é um estudo que chega a uma conclusão, a qual é fruto de uma experimentação, entretanto não é uma verdade absoluta. Contudo, os realistas acabam se excedendo quando afirmam que a razão deve se sobrepor à experimentação (experiencia).

Outra corrente filosófica que dá vazão à construção do conhecimento é o Empirismo, o qual é pautado, segundo Gomez (2012), na experiencia sensorial. O autor afirma ainda, que esta corrente segue duas posturas básicas dentro do indivíduo, sendo elas:

“la materialista que considera a la experiencia como el resultado de la acción de los objetos y fenómenos del mundo exterior sobre los órganos de los sentidos del hombre. El empirista idealista considera que la experiencia tiene carácter puramente subjetivo, pues, a su entender, el hombre, en su experiencia, no va más allá de sus mundo interior”53 Así pues, en materia de filosofía, el empirismo como ya se dijo es una teoría del conocimiento, la cual pondera el papel de la experiencia sobre todo la sensorial, en la formación de ideas. Este conocimiento se basa en la experiencia para validarse como tal y aflora del mundo sensible para formar los conceptos; afirmando que: “lo que uno ha experimentado, lo ha experimentado” (Zamudio Gomez, 2012. p.118).

Assim sendo, o empirismo materialista advém do campo material, de maneira objetiva dos fatos, e o empirismo idealista fundamenta-se no campo das ideias, já que a experiencia é meramente subjetiva. Então a experiência vem, seja ela objetiva ou subjetiva, para quem já experimentou algo.

Ainda sob às perspectivas de Gomez (2012), tem-se que Jhon Loock foi o primeiro estudioso à formular o empirismo, descrevendo que a mente do homem nasce com ele, de maneira que está em branco, sem nada. Mas, que com o desenvolver da vida, com as experiências, esse conhecimento passa a se desenvolver (juntamente com o desenvolvimento deste homem).

Segundo Briones (2002), para empirismo todo conhecimento tem como base a experiência, pois o homem só pode construir conhecimento a partir de suas vivências. Assim sendo, o autor destaca que existem 3 tipos de empirismo:

  1. el psicológico, para el cual el conocimiento se origina totalmente en la experiencia;
  2. el empirismo gnoseológico que sostiene que la validez de todo conocimiento tiene su base en la experiencia; y
  3. el empirismo metafísico según el cual no hay otra realidad que aquella que proviene de la experiencia y, en particular, de la experiencia sensible (Briones, 2002. p.24).

Portanto, essas três vertentes do empirismo trazem suas especificidades, as quais tem suas bases de conhecimento embasadas e baseadas na experiência.

Chibeni (1997), fala que o Realismo e o Empirismo possuem uma relação antagônica, porém que se complementa para a construção do conhecimento científico, pois para o realismo o conhecimento independe da experiência, já para o empirismo a experiência é necessária para se obter o conhecimento e é muito mais importante do que as concepções teóricas. Assim sendo, o autor afirma que:

Aparentemente chegamos aqui a um ponto terminal da argumentação racional Os realistas reconhecem os princípios super-empiricos como instrumentos epistêmicos, enquanto que van Fraassen e outros anurealistas admitem apenas o seu papel pragmatico, todos com o proposito exclusivo de manter suas posições [...] Diante disso, parece licito concluir, ate prova em contrario, que mesmo van Fraassen tem de fazer uso epistêmico do poder explicativo e outras "virtudes" que ele pretende meramente pragmaticas, colando assim, ele também, seu acalentado credo empirista. (Chibeni,1997. p. 8),

Destarte, observa-se as dicotomias que o realismo e o empirismo possuem no que se refere à produção do conhecimento. Entretanto, se observa que as duas correntes filosóficas, podem ter relações dialéticas. Já que, entender a realidade como ela é, é de suma importância. Assim como entender o papel da experiência é fundamental para a construção do conhecimento cientifico.

Considerações Finais

As correntes filosóficas servem de base para a construção do conhecimento científico, as quais vêm se adaptando e se complementando ao longo da História da humanidade e, portanto, dando vazão à Epistemologia.

Diante das discussões, aqui apresentadas, identifica-se a relevância da Epistemologia para a construção do conhecimento. Tanto que em sua etimologia, a Epstemologia significa “teoria racional”. Por isso, se faz extremamente importante entender a Epistemologia, antes de se estudar qualquer tipo de ciência, pois a partir do conhecimento epistemológico é que se pode sistematizar os estudos científicos de qualquer natureza, pois a Epistemologia vem ser uma análise crítica do conhecimento. Assim sendo, se percebe a Epistemologia como uma vertente científica que serve de base para a edificação do conhecimento, o qual está sempre em um processo de evolução.

Compreende-se, portanto, que a Epstemologia detém suas problemáticas filosóficas evidenciadas nas investigações científicas ou nos espelhos dos problemas. Quanto as premissas da Filosofia como base para a edificação do conhecimento, percebe-se que a mesma possui na otimização da Filosofia e suas respectivas correntes filosóficas, um emaranhado de contribuições para a construção do conhecimento, as quais levam o homem ao questionamento, aguçando nele à perspicácia de buscar cada vez mais o conhecimento.

No que tange às correntes filosóficas, destaca-se neste artigo o Realismo e o Empirismo como bases fundamentais para a origem do conhecimento. Apesar de antagônicas concepções, essas duas vertentes nos fazem refletir sobre a complementariedade que as correntes filosóficas trazem para a humanidade em busca do conhecimento científico.

Entende-se ainda que o Realismo vem abordar a ideia das concepções reais da sociedade, sem que para isso utilize da experiência para construir um determinado conhecimento, pois esta corrente filosófica vem ser, de fasto, um estudo que chega à determinada conclusão, entretanto não possui uma verdade absoluta, pois a realidade dos fatos pode mudar de acordo com a sociedade, com tempo, com a cultura, através de novos estudos. Enquanto que o Empirismo, persiste que todo conhecimento tem como base a experiência, pois o homem só pode construir conhecimento a partir de suas vivencias.

Assim sendo, compreende-se que, é partir da relação epistemológica (mesmo que antagônicas) das correntes filosóficas, Realismo e Empirismo, que se pode constatar a importância das mesmas, para o processo de construção do saber científico, o qual leva a humanidade à otimização da sociedade através da ciência. Portanto, precisa-se entender que a realidade como ela é (sem romantismos ou ilusões) somada com a comprovação dos fatos a partir da experiência, são fundamentais para o processo de construção do conhecimento cientifico, através de uma dialética de ideias e conceituações.

 

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